CAPÍTULO 15 : DRAGÕES
Sente-se, meu querido viajante.
Hoje contarei sobre uma das criaturas mais temidas e reverenciadas que já assombraram as canções dos bardos, os manuscritos dos monges e os pesadelos dos reis: os dragões.
Ah, os dragões… Seres alados com escamas de metal e olhos que brilham como brasas acesas em fornalha de ferreiro. Criaturas que dominam o céu, o fogo e o medo. Mas de onde vem tal lenda? Teriam caminhado entre nós em tempos antigos? Ou seriam apenas espelhos das sombras que habitam o coração dos homens?
Onde Nasceu a Lenda do Dragão?
Dizem os anciãos que, antes mesmo dos primeiros impérios erguerem seus estandartes, as gentes do mundo já cochichavam sobre serpentes gigantescas que habitavam montanhas e abismos. Curiosamente, povos que jamais se encontraram — dos desertos do Oriente às neves do Norte — falam de criaturas aladas cuspindo fogo. Coincidência? Ou será que todos viram algo que preferimos esquecer?
Alguns escribas da antiga Caldeia anotaram, em tábuas de barro, que os deuses criaram um dragão chamado Tiamat, que representava o caos primordial. Os chineses, por sua vez, veem os dragões como senhores dos rios, da chuva e da prosperidade. E nas terras dos nórdicos, Fáfnir, o dragão ganancioso, guardava seu ouro com garras manchadas de sangue.
A Ficha do Dragão — A Criatura de Mil Rostos
Nomes pelos Cantos do Mundo: Tiamat, Fáfnir, Ryū, Zmey, Quetzalcóatl, Apophis
Aparência comum: Escamas como armaduras ancestrais, asas de couro grosso, olhos que veem além do tempo
Habitat: Cavernas profundas, picos inóspitos, desertos sem fim
Alimentação (segundo as lendas): Gado, virgens, tesouros, medo — principalmente medo
Poderes: Cuspe flamejante, voo rasante, feitiçaria antiga, sabedoria milenar
Mas veja bem… nem todo dragão é vilão. Em muitos cantos do mundo, são vistos como guardiões — das águas, das florestas, do conhecimento perdido. Sim, meu caro, há dragões sábios que falam em enigmas e guardam portais para outros planos.
De Onde Surgiram?
Uma teoria bem antiga — mais antiga que a própria torre de Babel — diz que as lendas de dragões nasceram quando os povos encontraram ossos de grandes feras extintas. Imagine o susto de um pastor ao tropeçar num crânio de dinossauro! Sem ciência para decifrar tal monstro, sua mente fez o que sabe fazer: contou histórias.
Outros afirmam que a memória coletiva de grandes predadores, como as serpentes gigantes da floresta ou os crocodilos do Nilo, acabou se entrelaçando com os pesadelos dos homens — e daí, surgiram os dragões.
O Ouro e o Orgulho — Dois Tesouros dos Dragões
Não se fala de dragões sem falar de ouro. Riquezas escondidas sob montanhas, protegidas por dentes afiados e garras afiadas como lâminas de guerra. Mas por que o ouro?
Os velhos bardos dizem que os dragões não desejam o ouro pelo seu valor — mas pelo reflexo. O brilho do metal seria um espelho onde veem sua própria glória. Vaidade de besta mística, talvez. Ou um símbolo de que mesmo o ser mais poderoso busca se admirar.
Mitos, Códices e Suspiros ao Pé da Lareira
Há histórias que fazem até o mais corajoso guerreiro engolir seco. Como a do dragão adormecido sob o Castelo de Kraków, que desperta se alguém pronunciar seu nome verdadeiro em noite de lua cheia. Ou a do dragão sem olhos que fareja ganância como um cão de caça fareja sangue.
Alguns acreditam que dragões ainda vivem — não no nosso mundo, mas entre as fendas do tempo, em realidades ocultas. Outros juram que dormem sob vulcões e cordilheiras, esperando o mundo estar pronto para temê-los outra vez.
Curiosidades para Guardar com Cuidado
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Alguns dragões têm tantos nomes quanto um rei tem títulos. Em cada língua, um poder diferente.
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A cor das escamas costuma indicar sua natureza: vermelhos e negros são irascíveis; dourados, sábios; verdes, guardiões da natureza.
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Em certas culturas, dragões não têm asas — e ainda assim voam, movidos por magia pura.
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Dizem que o coração de um dragão pode forjar armas imbatíveis, mas ninguém que tentou extrair um voltou vivo.
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O sangue de dragão cura e amaldiçoa, dependendo de quem o derrama.
E então, viajante, seriam os dragões apenas fábulas contadas em noites de frio e vinho quente? Ou ecos reais de um passado esquecido, enterrado sob eras de pedra e silêncio?
Não te direi o que crer. Apenas te conto o que ouvi, o que li nos pergaminhos velhos, o que foi sussurrado por quem jura ter sentido as escamas sob a lua.
Se cruzares um dragão um dia, não lute — escute. Pois até os monstros têm histórias, e às vezes, são mais verdadeiras que as dos homens.
Agora beba, meu amigo. E sonhe com asas, fogo e ouro — pois esta foi uma história digna de um tomo antigo da Taverna dos Saberes.
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HORA DE PROVAR SUA BRAVURA