CAPÍTULO 19 : A ESFINGE DE GIZÉ
Sente-se, meu querido viajante.
Hoje trago-te uma história tão antiga quanto o eco do primeiro trovão sobre as areias. Vamos falar da Grande Esfinge de Gizé — aquela sentinela de pedra que há milênios fita o horizonte do deserto , como se guardasse segredos que nem os próprios faraós ousaram sussurrar.
Erguida há cerca de 4.500 invernos atrás, aos pés das pirâmides mais célebres do Egito, a Esfinge é um mistério esculpido na carne da terra. Mede cerca de 73 passos de comprimento, ergue-se a 20 passos de altura e tem a largura de 19 passos entre seus flancos — feita de calcário extraído do próprio berço em que repousa.
Reza a crônica que foi mandada fazer pelo faraó Quéfren, senhor da pirâmide vizinha, no tempo em que os deuses ainda se misturavam às gentes. A Esfinge carrega o rosto de um homem e o corpo de um leão, símbolo de força e sabedoria, uma criatura digna dos contos mais sagrados que repousam nas bibliotecas esquecidas.
Curiosidades Que Vale Guardar na Algibeira
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O rosto da Esfinge, dizem os mestres da história, mede quase dois metros e meio só de sorriso calado.
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Embora toda a criatura tenha resistido à areia e ao açoite do tempo, as marcas em sua pele de pedra denunciam eras de chuva e ventania que hoje já não banham o Egito.
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Muitos creem que a Esfinge é ainda mais antiga do que Quéfren — talvez datando de uma civilização perdida, cujos nomes o tempo devorou.
O Mistério do Nariz Perdido
Ah, viajante… poucos mistérios assombram tanto a Esfinge quanto o paradeiro de seu nariz. Aquela farta peça de pedra, que um dia ornou o rosto da criatura, desapareceu há séculos, deixando apenas a marca do golpe que a separou.
Teorias? Temos de sobra, como pão em mesa de ceia:
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Alguns cronistas da terra dizem que o nariz foi destruído por tiros de canhão, disparados por soldados durante a invasão napoleônica — mas os pergaminhos mais antigos mostram que a Esfinge já estava mutilada antes de Napoleão sequer ser sussurrado pelas parteiras da história.
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Há também quem acuse um dervixe iconoclasta — um zelote que, no século XIV, viu no semblante da Esfinge uma afronta ao mandamento contra imagens e, tomado de fervor, golpeou-lhe o nariz com martelo e cinzel, derrubando-o aos pés do deserto.
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Outros ainda, mais dados a lendas, falam de forças místicas, maldições ancestrais ou vinganças de deuses esquecidos.
A verdade? Perdeu-se nos véus do tempo, como a fumaça de uma tocha ao sopro da ventania.
A Alma Silenciosa da Esfinge
Aos olhos do viajante apressado, a Esfinge pode parecer apenas pedra e poeira. Mas para aqueles que sabem ouvir o silêncio, ela canta uma canção de eras imemoriais — fala de reis que ergueram impérios e de plebeus que sonharam sob as mesmas estrelas.
Há quem diga que, sob suas patas maciças, jazem passagens secretas, câmaras escondidas onde se guardam conhecimentos antigos — segredos que poderiam reacender os fogos da magia perdida.
Expedições, alquimistas modernos e escavadores de sonhos já tentaram desvendar seus mistérios. Achados? Poucos e velados. Mas a própria busca é, por si só, uma oferenda aos antigos deuses.
Algumas Verdades para encher o Cantil da Mente
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A Esfinge já esteve completamente soterrada pela areia — e foi desenterrada mais de uma vez, como se a própria terra quisesse escondê-la dos olhos mortais.
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Sua cabeça, mais desgastada que o corpo, sugere que teria sido reesculpida — talvez carregando, outrora, a face de outra divindade ou rei.
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Nos tempos de Ramsés II, a Esfinge já era tão antiga que era tratada como um relicário de mistérios — imagine tu: já era velha quando os deuses ainda caminhavam entre os homens!
Se um dia cruzares teu caminho com a Esfinge, viajante, ouve com atenção. Não com os ouvidos, mas com a alma. Ela não fala em voz alta — mas nas entrelinhas do vento, no farfalhar da areia, nos suspiros do tempo.
E se escutares algo… guarda contigo. Pois há histórias que não pertencem aos homens, mas apenas aos ecos da eternidade.
Agora, brinda comigo. Pois acabas de ouvir uma história digna de um pergaminho dourado, escondido nas prateleiras mais antigas da Taverna dos Saberes.
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HORA DE PROVAR SUA BRAVURA