CAPÍTULO 21: CALENDÁRIO GREGORIANO
Sente-se, meu querido viajante.
Hoje, ao calor da lareira e ao tilintar dos copos, contarei não sobre monstros ou maldições, mas sobre algo que rege até mesmo o tempo dos reis e das colheitas: o Calendário Gregoriano. Ah, não torça o nariz — pois mesmo o mais rude dos guerreiros precisa saber quando plantar, colher… ou fugir do cobrador de impostos.
Quando o Tempo Era Imperfeito
Antes deste calendário, o mundo seguia os passos do calendário Juliano, um velho sistema deixado por Júlio César — aquele imperador romano que meteu-se a reformar até o céu. Criado lá pelos idos de 46 antes do nascimento do Menino da Estrela, o Juliano trazia o ano com 365 dias e, a cada quatro voltas do mundo ao redor do sol, um dia extra, como oferenda aos deuses do tempo.
Mas, veja bem, havia um problema. Pequeno, quase invisível — mas como todo feitiço mal lançado, cresceu com os séculos. O ano Juliano era um pouquinho mais longo do que o ano solar verdadeiro. Apenas uns 11 minutos e uns quebrados… Mas isso foi empurrando as datas sagradas pra frente, como se o próprio tempo estivesse de birra com os padres e os reis.
A Chegada do Reformador: Papa Gregório XIII
Foi então que, em pleno século XVI, Sua Santidade o Papa Gregório XIII — homem de fé, mas também de cálculo — mandou chamar astrônomos, sábios e cronistas. Queria ele consertar o curso do tempo e devolver a Páscoa ao lugar certo, pois já andava fugindo da primavera, como cervo assombrado por caçador.
E assim, no ano de 1582, nasceu o calendário que hoje todos seguem — de plebeus a imperadores, de alquimistas a caixeiros. O Calendário Gregoriano cortou o mal pela raiz: eliminou-se dez dias do mês de outubro daquele ano. Imagina só… foste dormir no dia 4 e acordaste no dia 15. Um roubo de tempo digno de ladrão de estrada! Mas tudo em nome da harmonia dos céus.
Ficha do Tempo Reformado – O Calendário Gregoriano
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Criado: No ano do Senhor de 1582
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Criador: Papa Gregório XIII, com conselhos de Clavius, sábio dos astros
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Diferença pro Juliano: Anos múltiplos de 100 não são bissextos, exceto se também forem múltiplos de 400
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Adoção inicial: Reinos católicos — Espanha, Portugal, Itália, e seus domínios
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Resistência: Reinos protestantes e ortodoxos demoraram a aceitar — chamavam-no de “trapaça papista”
O Povo Contra o Tempo
A reforma não foi aceita por todos de imediato, não, senhor. Os povos da Inglaterra, por exemplo, só aceitaram o novo tempo em 1752. Até lá, o povo vivia em dois mundos — o dos negócios e o dos céus. E quando enfim mudaram, sumiram mais 11 dias. Houve protestos, gritos nas ruas, cartazes dizendo “devolvam-nos nossos dias!”. Mas o tempo, como se sabe, não dá troco.
A Importância do Calendário de Gregório
Curioso, não? Um simples ajuste nos ponteiros do mundo e o caos bate à porta. Mas graças ao Gregoriano, hoje sabemos quando começa o outono e quando termina o inverno, quando celebrar o renascimento e quando preparar o campo.
Curiosidades Dignas de um Grimório
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Fevereiro foi escolhido como o mês bissexto — coitado, já era o mais curto
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A reforma buscava alinhar a data da Páscoa com o equinócio da primavera no hemisfério norte
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Ainda assim, o ano Gregoriano não é perfeito — a cada 3.300 anos, acumula-se um dia de erro
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Alguns calendários antigos ainda vivem por aí: o Hebraico, o Islâmico, o Maia… mas para o mundo moderno, é o de Gregório que comanda o compasso
A Moral da História
Então, meu caro, da próxima vez que riscar um dia no pergaminho ou se queixar que o ano passa voando, lembre-se de que há séculos de disputa, cálculo e fé por trás daquela simples folha pendurada na parede. O tempo, afinal, é mais do que horas e datas — é o feitiço que rege nossa existência.
Agora, beba mais um gole. Pois, como disse um velho cronista: “o tempo é um cavalo bravo — ou o domas, ou te arrasta.” E nada como um bom vinho e uma boa história para amansá-lo.
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HORA DE PROVAR SUA BRAVURA