Austrália: Um Continente como Nenhum Outro

CAPÍTULO 8: AUSTRÁLIA 

Sente-se, meu querido viajante.
Deixa o vento da noite acariciar teu rosto e aquece as mãos com este vinho rústico — porque a história que trago hoje vem de terras distantes, de um reino tão vasto quanto antigo, ainda que jovem aos olhos dos impérios. Falo da Austrália, o continente-ilha que repousa no hemisfério dos sonhos e dos mistérios.

Ah, a Austrália… Terra onde o céu canta com cores que não se veem em parte alguma do mundo. Onde criaturas parecem saídas dos delírios de um druida com febre. Mas, antes de te contar sobre cangurus, ornitorrincos e demônios da Tasmânia, vamos esfarelar as runas do tempo e descobrir como essa terra se formou — e por que ela abriga seres que não existem em nenhum outro rincão do mapa.

O Coração Antigo do Mundo

Milhões de invernos atrás, quando os continentes ainda dançavam ao som da lira do caos, a Austrália fazia parte de um reino maior chamado Gondwana — um continente perdido que também abrigava terras que hoje chamamos de África, América do Sul, Antártica e Índia. Mas como todo banquete dos deuses, essa união não duraria para sempre.

Aos poucos, as placas da Terra — gigantes invisíveis — começaram a se afastar, e a Austrália, como um navio encantado, se desprendeu do continente-mãe. Desde então, viajou sozinha pelo sul do mundo, como uma arca de Noé encantada, levando consigo plantas, bestas e lendas. Esse isolamento forjado pelo tempo e pelo mar foi a chave para o que viria depois.

Um Bestiário Vivo

Por não dividir caminhos com outros reinos, a natureza australiana criou suas próprias regras. Ali, os mamíferos colocam ovos (sim, como o ornitorrincoOrnithorhynchus anatinus — criatura que parece ter sido feita com sobras de outros bichos), os pássaros não voam (vide o emu — Dromaius novaehollandiae), e os cangurus saltam ao invés de correr — como se a própria terra lhes tivesse ensinado outra forma de andar.

emu — Dromaius novaehollandiae

Mais de 80 em cada 100 criaturas que caminham, voam ou rastejam na Austrália não existem em lugar nenhum do mundo. É como se o continente fosse um grimório vivo, com páginas exclusivas escritas pelas mãos do tempo.

Ali habitam o diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii), o quokka (Setonix brachyurus) que sorri para os viajantes, o tímido bandicoot (Perameles spp.), o saltitante wallaby (Macropus spp.) e o misterioso canguru-arborícola (Dendrolagus spp.), que desafia as lógicas do reino dos marsupiais.

 

diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii)
quokka (Setonix brachyurus)

 

 

bandicoot (Perameles spp.)
wallaby (Macropus spp.)
canguru-arborícola (Dendrolagus spp.)

E não esqueçamos da ave-do-inferno — quer dizer, casuar (Casuarius spp.) — com sua crista de guerreiro ancestral e garras que fariam inveja a um grifo.

Curiosidades que Valem um Capítulo no Tomo dos Saberes

  • O ornitorrinco tem bico de pato, rabo de castor, patas de lontra… e ainda assim é um só animal. E pasme: é venenoso!

  • Os coalas (Phascolarctos cinereus) dormem até 20 horas por dia — talvez por sonharem com eras em que o mundo ainda era novo.

  • Existem mais camelos selvagens na Austrália do que nos desertos da Arábia. Foram levados para lá por exploradores e depois soltos no deserto interior.

  • Em certas regiões, há sapos que congelam no inverno… e depois, como mortos-vivos naturais, voltam à vida na primavera.

  • E há uma pedra — chamada Uluru — que muda de cor conforme o sol caminha, como se respirasse junto com a terra.

Os Guardiões do Tempo

Muito antes das velas dos europeus tocarem essas praias, os povos aborígenes já viviam ali. E não por alguns séculos, não… mas por mais de 60 mil invernos! Foram os primeiros andarilhos a cruzar oceanos, antes mesmo de outros povos saberem que o mar tinha fim.

Suas histórias são passadas de boca em boca, não por livros, mas por canções, pinturas em pedra e lendas — chamadas de “Dreamtime”, o Tempo do Sonho. Um tempo onde tudo começou, onde os seres míticos moldaram as montanhas, rios e estrelas. É como se todo o continente fosse sagrado, cada grão de areia, um verso antigo.

Feras e Feitiços Naturais

Mas nem tudo ali é calma e canto de passarinho. A Austrália também abriga alguns dos seres mais perigosos que a natureza já conjurou: a aranha Sydney funnel-web (Atrax robustus), que espreita como ladra noturna; a taipan-do-interior (Oxyuranus microlepidotus), serpente tão letal que uma gota de seu veneno faz tremer até dragões; e a silenciosa box jellyfish (Chironex fleckeri), que reina nos mares como fantasma invisível da morte.

E mesmo assim… é ali que tantos cientistas e curiosos arriscam a pele. Porque no veneno da morte, pode haver cura; no isolamento, segredos para a vida; e nas lendas, verdades mais antigas que os livros.

E Hoje, o Que Restou?

A Austrália moderna é uma tapeçaria de reinos: desertos que brilham como brasas, florestas tropicais que escondem murmúrios, cidades que respiram magia e tecnologia lado a lado. Mas mesmo nas metrópoles, o espírito antigo ainda sussurra — nas pedras, nos ventos, nas histórias que os anciões ainda contam.

Então, se algum dia teu caminho te levar até lá, não te esqueças: pisa leve. Porque ali, cada árvore pode ser uma guardiã, cada animal, um emissário de tempos imemoriais. E quem escuta bem… pode ouvir o Tempo do Sonho chamando.

Agora, brinda comigo, companheiro de jornada. Porque acabaste de ouvir sobre um continente encantado — onde o passado ainda anda descalço, e o futuro espera pacientemente no horizonte.

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