CAPÍTULO 12 : A AURORA BOREAL
Sente-se, meu querido viajante.
Hoje vou te falar de uma dança celestial, um feitiço antigo que risca os céus do norte com pinceladas de luz viva. Conhecida por muitos nomes — mas por mim, será sempre a Aurora Boreal. Uma tapeçaria encantada tecida pelos dedos invisíveis do vento solar, lá nas terras frias onde os homens vivem sob o olhar das estrelas.
Não se vê essa maravilha em qualquer canto. Ela se revela apenas aos que enfrentam os ventos cortantes e as noites longas. Nas terras geladas da Escandinávia, dos povos Sami e dos guerreiros vikings; nos campos congelados do Canadá e da Sibéria; e até em certas noites raras na Escócia ou no Alasca. É preciso coragem, paciência… e um pouco de sorte.
Mas o que é essa tal de Aurora, afinal? Ah, jovem ouvinte, é magia — só que explicada pelos magos de jaleco, os tais cientistas.
A Dança dos Ventos Solares
Reza a sabedoria dos estudiosos que tudo começa no próprio Sol. Quando ele se irrita — o que não é raro — lança ao espaço rajadas de vento flamejante, carregadas de partículas sedentas por aventura. Quando tais viajantes solares cruzam o vácuo e chegam perto de nossa velha Terra, encontram o escudo invisível chamado campo magnético.
E aí, meu caro… começa o espetáculo.
As partículas, ao serem puxadas para os polos como moscas à vela, colidem com os gases da atmosfera: oxigênio, nitrogênio e outros nomes difíceis. Dessa colisão, nasce a luz — verde, vermelha, azulada, dourada. Cada cor, uma assinatura; cada dança, um sussurro dos céus.
Os Povos e Seus Contos
Muito antes dos telescópios e lunetas, os povos do norte já viam na Aurora algo sagrado. Os Sami acreditavam que eram os espíritos dos mortos, vagando em paz. Na Islândia, diziam que as luzes ajudavam no parto, desde que ninguém ousasse cantar ou zombar. Já os inuítes viam nelas bolas jogadas pelos deuses — jogo de gigantes, imagina só!
Na Finlândia, chamam de “revontulet” — fogo da raposa. Dizem que uma raposa mística corre tão rápido pela neve que sua cauda lança faíscas ao céu. Lenda? Talvez. Mas tem poesia que vale mais do que verdade.
As Estações da Magia
A Aurora não aparece quando se quer — ela escolhe seus momentos. Costuma surgir entre os meses de outono e inverno, quando a noite se estende como um velho manto sobre a terra. E mesmo assim, só em noites claras, sem lua cheia nem nuvens ciumentas.
Os caçadores de aurora viajam de longe, armados de câmeras, coragem e chá quente. Acampam sob o céu, envoltos em peles e cobertas, esperando o céu riscar como pergaminho encantado.
Curiosidades Pra Guardar na Bolsa de Viagem
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O nome “Aurora Boreal” foi dado por Galileu, um velho mago das estrelas. “Aurora” vem da deusa romana do amanhecer. “Boreal”, do vento do norte.
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Seu irmão do sul existe também, chamado Aurora Austral. Dança nos céus da Antártida, longe dos olhos mortais.
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A cor verde é a mais comum — sinal do encontro entre partículas solares e o oxigênio a cem léguas de altura. Já as vermelhas… ah, essas são mais raras, e surgem como vinho derramado dos céus.
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Durante grandes tempestades solares, é possível ver auroras em terras improváveis — até no norte da Inglaterra ou no coração da Alemanha.
E por que ela importa, além da beleza?
Ora, meu amigo… porque ela nos lembra que há maravilhas que não controlamos. Que o céu ainda guarda segredos que nenhuma torre de observação conseguiu decifrar por completo. E porque, em tempos sombrios, a Aurora Boreal é um lembrete de que até o frio mais cruel pode carregar beleza.
Então, se um dia teus passos te levarem às terras geladas, ergue os olhos. Fica em silêncio. E espera.
Se tiveres sorte, verás os céus abrirem um portal de luzes dançantes, como se o mundo fosse uma canção tocada só para ti.
E se não vires? Ora, ao menos terás uma boa história pra contar à beira da lareira — ou a algum velho que, como eu, já viu de tudo um pouco… mas ainda se emociona com os sussurros das estrelas.
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HORA DE PROVAR SUA BRAVURA
O gelo racha sob teus pés, revelando uma fenda escura.
O vento congela teus pulmões enquanto a neve desaba ao redor.
Ou te agarras na borda agora… ou nunca mais verão teu rosto.