CAPÍTULO 9: EGITO – O PRIMEIRO PAÍS DO MUNDO
Sente-se, meu querido viajante.
Hoje, deixo que minhas palavras te conduzam não por mares revoltos ou florestas amaldiçoadas, mas por areias milenares onde o tempo esqueceu de correr. Falo-te do Egito — não o dos mapas modernos, mas o dos deuses com cabeça de falcão, das pirâmides que desafiam os céus e dos rios que sussurram segredos de outra era.
Dizem os anciões que, dentre todos os reinos que já ergueram bandeiras nesta terra, nenhum se iguala ao Egito em primazia. Primeiro entre os povos, não por acaso, mas por merecimento — pois lá onde hoje o deserto canta ao vento, foi onde a civilização ousou dar seus primeiros passos.
Como Começou
Muito antes de nossos calendários contarem o tempo, antes mesmo das grandes bibliotecas e castelos de pedra, os egípcios já caminhavam com sabedoria. Fala-se de mais de cinco mil invernos passados — quando os homens ainda olhavam as estrelas buscando sentido, e os deuses andavam entre eles, ou assim acreditavam.
Às margens do Nilo, rio sagrado de alma serena e corpo caudaloso, nasciam colheitas, cidades e histórias. A terra era fértil, tão fértil que parecia encantada. E por isso, homens simples tornaram-se reis. Reis tornaram-se deuses. E os deuses… bem, esses nunca foram embora.
O Reino Que Falava com o Céu
Não se constrói uma pirâmide com pedras apenas — mas com fé, com conhecimento, com mãos calejadas e corações ardendo de mistério. As grandes pirâmides de Gizé, cada uma um enigma de pedra, foram erguidas não apenas para guardar corpos, mas para alinhar-se com as estrelas. Um templo de pedra apontado ao além.
Os egípcios sabiam mais do que deixavam transparecer. Inventaram formas de contar os dias, estudar as marés e cuidar dos doentes. Seus médicos tinham mais ciência que muitos curandeiros dos dias atuais, e seus escribas gravavam no papiro o que só os sábios ousavam sussurrar.
Os Deuses e Seus Jogos Eternos
Ah, os deuses egípcios… cada um com rosto de fera e vontade de homem. Hórus, com olhos de falcão, observava do alto. Anúbis, o chacal, guiava as almas pelas estradas do além. Ísis, senhora da magia, curava e protegia. E Rá, o sol em forma de divindade, cruzava os céus em sua barca sagrada todos os dias.
Não eram meras figuras de altar — os deuses estavam em tudo. Na água, na pedra, na morte e na vida. E, dizem alguns magos mais ousados, ainda estão.
Curiosidades para Guardar na Bolsa de Couro
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O Egito foi unificado por volta de 3.100 anos antes do nascimento de Cristo, por um homem chamado Narmer — ou Menés, como preferires.
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A escrita deles, os hieróglifos, não era só palavra — era magia gravada na pedra. Cada símbolo carregava um poder, um destino.
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Os egípcios embalsamavam seus mortos, acreditando que o corpo precisava estar inteiro para que a alma voltasse. E com isso, nasceram as múmias e suas maldições, tão faladas em tavernas quanto dragões e espadas sagradas.
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O Nilo era seu pai, sua mãe, seu deus — ele inundava as terras com precisão quase mágica, renovando o solo a cada ano como um relógio de areia eterno.
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Foram pioneiros na arquitetura, na matemática, na astronomia e na medicina. Os gregos, que tanto se orgulham, aprenderam muito ali, aos pés das pirâmides.
Por que o Primeiro País do Mundo?
É simples, embora enfeitiçante: o Egito foi o primeiro lugar onde alguém decidiu unir aldeias, tribos e campos sob uma única coroa. Antes disso, os homens viviam em pequenos grupos, cada qual por si, como barqueiros sem leme.
Mas por volta de 3.100 invernos antes do nascimento do menino de Nazaré, um homem chamado Narmer — ou Menés, como alguns escribas preferem — uniu o Alto e o Baixo Egito. Fez-se rei de dois mundos e usou uma coroa dupla, símbolo da união. E assim nasceu o que chamamos de Estado unificado, com leis, exército, coleta de tributos, calendário, escrita, crenças oficiais… tudo como um reino digno deve ter.
Diferente de tribos nômades ou vilarejos esparsos, o Egito Antigo tinha fronteiras, um soberano, uma identidade comum. Foi o primeiro a erguer uma nação do barro da história.
O Mistério Nunca Morre
Mas cuidado, viajante: por mais que cavemos, nunca saberemos tudo. Há túmulos ainda lacrados sob o deserto, maldições que dormem com olhos entreabertos, e verdades escondidas em textos que ninguém mais sabe ler.
Alguns dizem que o Egito foi obra de seres de além das estrelas. Outros juram que foi ali o berço de Atlântida. Besteira? Talvez. Mas quem somos nós para duvidar dos sussurros do deserto?
O certo é que o Egito não é apenas um lugar. É um feitiço, uma lembrança gravada nas pedras do mundo. Um relicário do que fomos e do que talvez ainda sejamos, se ouvirmos os ventos antigos.
E agora, se me permites, brindemos com este hidromel morno — à sabedoria dos que vieram antes, à areia que guarda segredos e ao viajante que ousa escutar.
Pois acabaste de ouvir uma história que os próprios escribas do tempo teriam prazer em registrar nos anais eternos da… ah, deixa pra lá.
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HORA DE PROVAR SUA BRAVURA
Você atravessa o deserto, sem água há dois dias.
Os olhos ardem, os lábios racham — a areia corta como lâmina.
Ao longe, uma tempestade de areia se ergue, engolindo o horizonte.
Sem bússola, sem abrigo… só te resta seguir — jogue o D20.